quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Carta Pe. Beraldo Fevereiro de 2013

CARTA MCC BRASIL - FEV 2013 (162ª.)
“Sendo seus colaboradores, exortamos-vos a não receberdes em vão a graça de Deus, pois ele diz:
 ‘No momento favorável, eu te ouvi, no dia da salvação eu te socorri’.
É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,1-2).

Meus muito amados leitores e leitoras, peregrinos companheiros no “já agora” rumo ao “ainda não” que é o Reino definitivo:

1. Uma nova etapa na vida do seguidor de Jesus. Eis que neste nosso peregrinar, reiniciamos uma nova etapa no seguimento das pegadas de Jesus. Esta nova etapa chama-se tempo da Quaresma. Depois de tê-lo recebido como a “Palavra que estava junto de Deus, e a Palavra era Deus” (cf.Jo 1,1) no Natal, feito à nossa carne semelhante; depois de, na Epifania, juntamente com os Magos, tê-lo contemplado como a “vida e a luz dos homens” (cf.Jo 1,4), também como eles, “retornamos à nossa terra” (cf. Mt 2,12) , isto é, voltamos ao nosso dia-a-dia, queira Deus que “passando por outro caminho”, ou seja, o caminho da perseverante conversão, novamente ao encontro com Jesus. Caminho que jamais deveria ser repetido porque há sempre um encanto novo, um novo fascínio, um novo entusiasmo em deixar-nos encontrar por Ele, em “não abandonar o primeiro amor, convertendo-nos e voltando à prática inicial” (cf. Ap 2, 4-5). 

2. Um insistente convite para a conversão. Por isso, de novo somos motivados e convidados pelo tempo quaresmal a iniciar-se, neste ano, no próximo dia 13, a rever os nossos passos: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação”, adverte-nos o Apóstolo Paulo. Com certeza, ano após ano, temos ouvido esta chamada. Uma chamada à conversão. É, até, bem possível que à força de repeti-la, a palavra “conversão” tenha perdido toda a sua força transformadora ou o seu alcance mais profundo para a nossa vida cristã. Ao comentar o “sinal” operado por Jesus ao transformar a água em vinho, nas bodas de Caná (cf. Jo, 2,1-12), assim se expressa um teólogo contemporâneo a respeito da conversão: “O chamamento à conversão quase sempre nos desagrada e nos cansa. Tornasse-nos tão antipático que a própria palavra «conversão» foi desaparecendo do nosso vocabulário como algo que é melhor esquecer. No entanto, é difícil que uma corrente nova de vida e de alegria refresque a nossa existência se não começarmos por transformar a nossa vida. A conversão é quase sempre o ponto de partida necessário para começar uma vida mais intensa, mais profunda e gozosa. Segundo Jesus, é um equívoco pôr um remendo novo num pano velho ou colocar vinho novo em barris velhos. É um erro pôr pequenos remendos numa existência envelhecida e deteriorada. Temos de renovar a nossa vida radicalmente”.[1] E prossegue com um “incômodo” questionamento: É a tragédia do nosso cristianismo. A nossa vida configura-se segundo os critérios e esquemas de uma sociedade que não está inspirada pelo evangelho. Pretendemos seguir Jesus sem conversão. O evangelho não consegue introduzir uma mudança no nosso estilo de viver. Dir-se-ia que a fé não tem força para transformar radicalmente nossa vida. Acreditamos no amor, na conversão, no perdão, na solidariedade, no seguimento de Jesus, mas vivemos instalados no consumismo, na busca egoísta do bem-estar, na indiferença perante o sofrimento alheio”.
Pergunta:, meu querido leitor, minha querida leitora, é assim mesmo que está transcorrendo a sua vida de seguidor ou seguidora de Jesus? É este o seu conceito de “conversão”? Ou este é o seu modelo de convertido (a)?
 3. Alguns passos “quaresmais” para a conversão. Diríamos que são sempre os mesmos e repetitivos, mas que são sempre o itinerário mais adequado para uma vivência do tempo da Quaresma. Três são estes passos:
3.1. Oração. É comum ouvir-se dizer que “a vida do cristão já é uma oração” ou que “devemos fazer da vida uma oração”. Sem dúvida, esta deveria ser a realidade e a concretização de nossa relação com o nosso Pai que está nos céus e com todos os nossos semelhantes. Entretanto, nem sempre é assim, pois, em muitos casos trata-se de uma espécie de fuga do tempo que deveria ser exclusivamente consagrado à oração. E nem a vida é uma oração e nem a oração faz parte da vida. O exemplo de Jesus é claro e motivador para estes momentos dedicados à oração. Os Evangelhos narram, com destaque, a frequência com que, fugindo do ruído ou da aclamação das multidões e, até, da convivência com os discípulos, Ele passava as noites em oração. Subia às montanhas para orar (cf. Mt 14,23; Mc 6,46; Lc 9,28; Jo 6,15), para dialogar com o Pai e para estar a sós na intimidade com Ele.
Pergunta: sobretudo neste tempo de Quaresma, haverá um tempo salvado do corre-corre do seu dia, para dedicar-se ao diálogo com o Pai que está nos céus? E não apenas para pedir, mas para agradecer e louvar? Ou, quem sabe, para silenciar diante dEle e na intimidade dEle, silenciar o seu coração e as vozes que o distraem de ouvi-Lo? Em fim, um tempo para a contemplação?

3.2. Jejum. Para além dos tradicionais dias de jejum e abstinência de carne prescritos pela Igreja, é fundamental para os seguidores de Jesus que sua observância seja concretizada na resistência aos fortes apelos de uma sociedade altamente consumista, relativista e materialista. Quantas vezes, atraídos pelas vozes dos modernos meios de comunicação, deixamo-nos seduzir e intoxicar pelo acúmulo de tantas coisas supérfluas e descartáveis ou pelo esbanjamento que, além de tudo, prejudicam a convivência fraterna, o exercício da solidariedade e a prática da justiça!
 Pergunta: nesta Quaresma, qual é sua disposição e disponibilidade para a renúncia a tantas coisas inúteis e prejudiciais, não só para o seu crescimento na vida cristã mas, até, para a sua própria saúde física?   

3.3. Esmola. Sabemos todos que o sentido de “esmola” ultrapassa o mero donativo de algumas moedas ou de uma peça de roupa velha que já está para ser jogada no lixo. Esmola é, antes de tudo, partilha, amor mútuo, auxílio aos que sofrem, luta pela dignidade da pessoa. Esmola é solidarizar-se (do latim “solidum” = fazer-se um com o outro); compadecer-se (sofrer com o próximo que de nós necessita) e identificar-se com o “mandamento novo”: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros” (Jo 13,34a). E amar sem medida, até dar a vida: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13, 34b).
Pergunta: neste tempo quaresmal, qual serão os gestos de “esmola” que você se dispõe a fazer?

Campanha da Fraternidade: nós, católicos brasileiros participamos anualmente, na Quaresma, da Campanha da Fraternidade, cujos lemas e temas, sempre muito oportunos, contribuem, para aprofundar nossas reflexões e ajudar nossa tomada de posição frente a situações e problemas que desafiam nossa fé e nos ajudam a construir uma sociedade sempre mais justa e fraterna. Neste ano, devido à celebração no mês de julho, da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro e com a presença do Papa Bento XVI, a CF tem por Tema: FRATERNIDADE E JUVENTUDE e o Lema: “EIS-ME AQUI. ENVIA-ME”. Com esta lembrança, queremos incentivar os caros irmãos e irmãs a que participem ativamente da CF em todas as nossas paróquias, movimentos e associações. Assim, nas reflexões desta Carta, cremos desnecessário tecer comentários a respeito.

Desejando a todos um santo tempo quaresmal, vivido com as esperanças de uma alegre celebração pascal, deixo meu abraço fraterno,



Pe.José Gilberto BERALDO

Carta Pe. Beraldo mês de janeiro de 2013


Carta MCC Brasil - Jan 2013 (161ª.)
“Aquele que está sentado no trono disse:
 “Eis que faço novas todas as coisas”.
 Depois, ele me disse:
“Escreve, pois estas palavras são dignas de fé e verdadeiras” (Ap 21,5)

Amado leitores e leitoras, saudando-os fraternalmente neste início de um novo ano, espero, com mais esta Carta,  “escrever-lhes palavras dignas de fé e verdadeiras”!

Notícia: sendo estas nossas Cartas dirigidas especialmente ao Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil e aos seus participantes, comunico a todos que no próximo dia 10 de janeiro, no escritório do Movimento, em São Paulo, tomará posse a nova Coordenação Nacional eleita pela última Assembleia Nacional e cuja gestão será, de acordo com o Estatuto do MCC do Brasil no período de janeiro de 2013 a janeiro de 2016. É urgente, portanto, que todos peçamos a Deus que, pelo Espírito Santo, ilumine e fortaleça o novo Grupo Executivo Nacional do MCC para que, sensível aos sinais dos tempos, saiba orientar o Movimento em busca do seu carisma original e em  plena comunhão com a Igreja.  Referida esta importante notícia, passemos às nossas habituais reflexões.

Mais um ano na história da humanidade ficou para trás. Projetos traçados, não realizados; esperanças acalentadas, frustradas; sonhos sonhados, esfumaçados; “profecias” amplamente propagadas (e, infelizmente, por muitos acreditadas!), um fiasco... em fim, o mundo não acabou no dia 21 de dezembro! E segue a história o seu curso. Curso que, nos nossos tempos, se caracteriza pelas surpreendentes – ou nem tanto, sobretudo para os jovens – e aceleradas transformações e mudanças. Estamos já quase cansados de ouvir que já não se trata de uma época de mudanças e, sim, de mudança de época: mudanças radicais de mentalidade, de costumes, de posturas, de modos de relacionamento, etc.. Contudo e apesar de tudo, seguem - homens e mulheres -, desde sempre enredados nas mesmas perguntas nunca definitivamente respondidas: quem sou eu? donde vim? para onde vou?  Não obstante, há que se começar tudo de novo, pelo menos no calendário da sucessão dos tempos. E nós, seguidores de Jesus pelos caminhos da história, qual seria o ponto de partida para dar resposta a estas perguntas? Que olhar lançamos nós sobre esta mudança de época? Continuaremos na mesmice e na rotina de sempre?
Nosso olhar haverá de ser o olhar do próprio Deus, isto é, o olhar da fé. É “Aquele que está sentado no trono” que os diz: “Eis que faço novas todas as coisas”. Esta palavra é dirigida a todos os que creem, a todos convidando, neste início de ano, neste Ano da Fé, para uma renovação radical. “Fazer novas todas as coisas”, isto é, renovar-se mantendo acesa a chama da esperança. Como?

1. Renovar a mente ou, melhor diria, a mentalidade. A mentalidade é a determinante de nossas decisões e de nosso modo de agir, é maneira com que pensamos. Em outras palavras, renovar a mentalidade e iluminá-la com a Palavra significa converter-se. A cada novo dia, a cada manhã, a cada hora, a cada minuto... a Palavra é a única agente de transformação contínua para os que têm fé. Portanto, o fiel seguidor de Jesus, vai moldando a sua mentalidade à medida que a Palavra – Jesus – vai traçando para ele um novo projeto de vida.  Um novo projeto de vida para o ano que agora começa! Ouçamos São Paulo: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito” (Rm 12,2). Dessa forma, com nossa vida renovada e estimulada por um novo projeto, poderemos ser mais autênticas testemunhas de Jesus neste novo tempo da história!
2. Renovar suas opções fundamentais. Ou seja: redirecionar para aquele que é “O CAMINHO, a VERDADE e a VIDA” todos os seus planos para o novo ano. “Opção fundamental” significa renúncia a tudo o que se mostra como acidental, transitório ou secundário e, portanto, escolha do que é essencial, isto é, do seguimento incondicional de Jesus. Renovar nossa opção fundamental é optar pelo novo. Optar pelas “novas coisas” que Deus quer fazer por nós e conosco: “Eu lhes darei um só coração e infundirei neles um espírito novo. Extrairei do seu corpo o coração de pedra e lhes darei um coração de carne, de modo que andem segundo minhas leis, observem e pratiquem meus preceitos. Assim, serão meu povo e eu serei o seu Deus” (Ez 11,19-20). Renovar nossa opção fundamental é viver, a cada momento, uma vida nova. Em virtude da fé, esta vida nova plasma toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. Na medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e os afetos, a mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a pouco purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais completamente terminado nesta vida. A «fé, que atua pelo amor» (Gl 5,6), torna-se um novo critério de entendimento e de ação, que muda toda a vida do homem (cf. Rm 12,2; Cl 3,9-10; Ef 4,20-29; 2Cor 5,17). São palavras inspiradas do Papa Bento XVI na sua Carta “A Porta da Fé” proclamando o Ano da Fé (cf.PF 6).  
3. Renovar ou purificar seu olhar.  Iluminados pela fé, neste ano que começa, procuremos olhar com o olhar de Deus, as circunstâncias que tecem a realidade de nossa vida. Não há dúvida de que, apesar de tantas contradições do tempo presente, de tantas desilusões e, ainda, de tantos desesperos, o cristão, no início do ano, vê tudo com olhos de esperança. Ao dirigir-se aos Efésios, Paulo suplica ao Pai que lhes dê o “Espírito da sabedoria e da revelação...” desejando: “Que ele ilumine os olhos do vosso coração, para que conheçais a esperança à qual ele vos chama, a riqueza da glória que ele nos dá em herança entre os santos” (Ef 1, 17-18).      
É bom iniciarmos um novo ano, lembrando o Ano da Fé proclamado por Bento XVI com a Carta “A Porta de Fé” e que, entre outras oportunas lembranças, assim se expressa no parágrafo 13:  Ao longo deste tempo, manteremos o olhar fixo sobre Jesus Cristo, «autor e consumador da fé» (Hb 12,2): n’Ele encontra plena realização toda a ânsia e anelo do coração humano. A alegria do amor, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento, a força do perdão face à ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte, tudo isto encontra plena realização no mistério da sua Encarnação, do seu fazer-Se homem, do partilhar conosco a fragilidade humana para a transformar com a força da sua ressurreição. N’Ele, morto e ressuscitado para a nossa salvação, encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram estes dois mil anos da nossa história de salvação”.
Maria, é o primeiro dos “exemplos de fé” de que fala o Papa. Feliz coincidência, então, começar o ano com a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. Ainda com Bento XVI renovemos nossa confiança para um novo, abençoado e fecundo 2013: “À Mãe de Deus, proclamada “feliz porque acreditou” (cf.Lc 1,45), confiamos este tempo de graça”!

Concluo manifestando meu ardente desejo de que, pelos homens e mulheres de boa vontade em todo o mundo, o espírito do Dia Mundial da Paz e da Fraternidade Universal comemorado no primeiro  dia do ano, possa perdurar durante todo o ano de 2013!

Meu abraço fraterno, com carinho, no amor “D’Aquele que está sentado no trono” e que “disse: “Eis que faço novas todas as coisas”,

Exemplo de Cristã Lição de Vida ( E você tem falado de Jesus? )