ARTA MCC BRASIL - ABR 2013 (164ª.)
“Acaso ignorais que um pouco de fermento leveda a massa toda?
Lançai fora o velho fermento, para que sejais uma massa nova,
já que deveis ser sem fermento.
Pois o nosso Cordeiro pascal, Cristo, já está imolado.
Assim, celebremos a festa, não com fermento velho,
nem com fermento de maldade ou de perversidade,
mas com os pães ázimos da pureza e da verdade” (1Cor 5,6b-8).
Meus amados irmãos e irmãs, “ressuscitados com Cristo”, à espera de aparecer com Ele, revestidos de glória” (cf.Cl 3,1-4), estejam com vocês a paz e a alegria pascais:
Celebrada
com intenso júbilo no último domingo de março, a Páscoa da Ressurreição
do Senhor, eis que iniciamos, Povo de Deus da Nova Aliança, um tempo
novo; um tempo de “pureza e de verdade”; um tempo de uma “massa nova”,
enfim, um tempo de libertação : “Portanto, se alguém está em Cristo, é criatura nova. O que era antigo passou, agora todo é novo” (2Cor 5,17).
Páscoa,
festa do povo da Antiga Aliança, eleito do Senhor: “começo dos meses, o
primeiro mês do ano”; festa dos “pães sem fermento”; festa do “cordeiro
sem mancha”; passagem do Exterminador ferindo os egípcios dominadores;
transposição do Mar Vermelho a pé enxuto, passando da terra da
escravidão para a terra onde “corria leite e mel” (cf. Ex 3,8; cap.
11-12). Essa foi a primeira Páscoa, prenúncio da Páscoa Nova, vivida por
Cristo, imolado por amor e ressuscitado para a Vida. Definitivamente,
este sim, é a nossa Páscoa, a nossa libertação, a nossa alegria e a
nossa esperança. Libertação, alegria e esperança para cada um dos
seguidores de Jesus e, divinamente providencial, para toda a Igreja,
Povo da Nova Aliança com a eleição do Papa Francisco.
1. Páscoa – vida nova - para os seguidores do Ressuscitado.
Já não se trata de limites da idade ou de tempo de vida ou de
horizontes históricos de uma peregrinação terrena destinada a
encerrar-se num dia qualquer. Trata-se de substituir o “fermento velho”,
isto é, as motivações que determinam nossas atitudes e nossos
comportamentos por outras nascidas e alimentadas pelos critérios e
valores do Reino de Deus proclamados e testemunhados por Jesus e
expressos no Evangelho. Na citada Carta aos Coríntios São Paulo alude ao
“fermento de maldade ou de perversidade”. Cada um de nós, conscientes
da nossa vocação de seguidores de Jesus, saberá discernir, à luz de
Cristo Ressuscitado, onde estão nossas maldades e malicias!
Com
certeza, meus caríssimos, celebrar a Páscoa é lançar fora a “mesmice”, a
rotina, a instalação nos comodismos e partir para a vivência da
autêntica VIDA NOVA, retomando a caminhada com Jesus e com os homens e
mulheres que nos rodeiam e com quem convivemos, retomando com um novo
viço, uma nova determinação nossa vocação missionária, agora e outra
vez, ressuscitados com Cristo para a alegria e a esperança de “um novo céu e uma nova terra”... pois, “Ele
enxugará toda lágrima dos nossos olhos, onde a morte não existirá mais,
e não haverá mais luto, nem, grito, nem dor, porque as coisas
anteriores passaram” (cf. Ap 21,1.4).
2. Páscoa – vida nova - para toda a Igreja, Povo de Deus. Num momento de profunda ação de graças a Deus, permitam-me transcrever um pequeno trecho da Carta anterior – a de março –
quando propus breve reflexão sobre a, então, próxima eleição de um novo
Pastor para a Igreja Católica: “...quero viver este momento singular na
história eclesial como aquele momento “Kairós”, o momento oportuno para
a ação do Espírito Santo: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor
6,1-2). “Salvação” no seu sentido de intervenção do mesmo Espírito na
vida da Igreja. Santa e providencial coincidência, pois este momento do
ano de 2013 será o coroamento da caminhada quaresmal da Igreja-Povo de
Deus com a celebração pascal da escolha de um novo Papa por elementos
humanos e do envio ao seu povo de um novo Pastor pelo Pastor dos
pastores, Jesus de Nazaré!”
E
ai está o nosso novo Papa Francisco dando já suficientes sinais em sua
pessoa, daquilo que deverá a ser a Igreja Católica sob o seu pastoreio:
humilde, sensível, simples, despojada, dinâmica, missionária,
solidária... Menos hierárquica e mais fraterna à imitação do Senhor
Jesus; menos papa-móvel blindado e mais jipe aberto para descer do
pedestal, para poder abraçar, acariciar, condoer-se, para praticar o conselho de Paulo Apóstolo:
“Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram. Mantende
um bom entendimento uns com os outros; não sejais pretenciosos, mas
acomodai-vos às coisas humildes. Não vos considereis sábios aos próprios
olhos” (Rm 13,15-16). Será
essa a verdadeira imagem da Igreja com que sonhamos? Mas, se o Papa
Francisco, com seu testemunho, assim projeta a Igreja, não nos
esqueçamos que ela depende, também, da mudança de nossa mentalidade –
“pão ázimo de pureza e de verdade” -, de nossa comprometida participação
e viva colaboração.
Certamente, as palavras dirigidas pelo Papa Francisco aos jovens durante a celebração do Domingo de Ramos, também mostram outro
traço característico de sua personalidade e de sua maneira de ser: a
alegria. Ao convocar os jovens para a Jornada Mundial da Juventude (
Julho de 2013, no Rio de Janeiro) assim ele se expressou: “Abraçada com amor, a cruz de Cristo não leva à tristeza, mas à alegria”. Vós tendes uma parte importante na festa da fé!” Vós nos trazeis a alegria da fé e nos dizeis que devemos viver a fé com um coração jovem, sempre, mesmo aos 70, 80 anos! Com Cristo, o coração nunca envelhece!”
Uma vez mais o Espírito Santo está gritando ao Povo de Deus: “Eu vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com inteligência e sabedoria” (Jr 3,15). Traduzida na linguagem da fé, a eleição do Papa Francisco vem nos
ensinar, mais uma vez, que o Espírito de Deus, não estava na
mercantilista Bolsa de Apostas de Londres – onde sequer aparecia o nome
de um tal Cardeal Bergoglio! - e nem muito menos nas especulações ou nas
férteis imaginações de “especialistas em Vaticano” e, sim, estava
iluminando os responsáveis para dar à Igreja de hoje e de amanhã um
Pastor que irá apascentá-la na simplicidade e na humildade de um novo
Francisco! Estejamos entre aqueles a quem o Mestre chamou de bem-aventurados ‘que creram sem ter visto’ (cf. Jo 20,29). Continuemos a aprofundar a “fé, fundamento daquilo que se espera e demonstração das coisas que não se veem” (cf. Hbreus 11,1). Pois mais do que nunca podemos ter a certeza de que “o pobre, porém, não ficará no eterno esquecimento; nem a esperança dos aflitos será frustrada para sempre” (Salmo 9,19).
Meus
caríssimos leitores, irmãos e irmãs no Senhor Ressuscitado: comungando
como nosso Pastor Francisco, vivamos intensamente esta nova Páscoa! Uma
Páscoa de renovação, de verdadeira ”passagem” do antigo para o novo; uma
Páscoa de um novo tempo de Igreja, Corpo de Cristo, dinâmica e
missionaria!
Meu abraço fraterno e amigo,
Pe. José Gilberto BERALDO
E-mail: jberaldo79@gmail.com
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